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Pode a cidade educar a escola?

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  A escola, tal como a conhecemos, cria barreiras de retenção para regular a distribuição do conhecimento conforme regras definidas pelos sistemas institucionais aos quais está subordinada. A cidade, por contraste, rompe barreiras e exige a mobilização constante de múltiplas potências afetivo-cognitivas necessárias à circulação social no pluralismo das suas paisagens. As diferenças entre a instituição que se fecha nela mesma para controlar a circulação do conhecimento; e os espaços-tempos urbanos que abrem e expõem o movimento diversificado e variável do conhecimento que circula pelas ruas, avenidas, quebradas e terrenos baldios ficaram mais expostas durante a pandemia. A permanência do conhecimento escolarizado está sob ameaça do esquecimento, ou do confinamento doméstico, quanto mais as distâncias do home office nos situam alhures pelas cidades, aprendendo a conviver mais e mais com as incertezas que nos cercam. As casas, apartamentos e puxadinhos em que instalamos nossas estaçõ

A universidade e a construção do futuro no presente.

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  A implementação dos Colégios Universitários (CUNIs) da Universidade Federal do Sul da Bahia viabilizou a realização do sonho de ingresso no Ensino Superior para estudantes cujas condições existenciais impedem o deslocamento para universidades distantes das suas comunidades. Esse e outros fortes argumentos foram apresentados por Danilo Urapinã Pataxó, estudante indígena do Curso de Direito oriundo da primeira turma do CUNI-Cabrália no ano de 2014. Danilo participou de um projeto didático organizado com a turma de estudantes que ingressam no ano de 2020 na nossa universidade. Ele, o nosso convidado, compartilhou suas memórias como egresso da primeira turma do CUNI. Nós, participantes do acontecimento, compartilhamos escutas e questões próprias da primeira turma de ingressantes no ano da pandemia da COVID-19. Nos encontramos em uma plataforma online à maneira de quem inventa uma encruzilhada existencial para compreender de maneira mais alargada como fazer o futuro no presente e, assim

Educar, Habitar, Viver

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  Enfrentar difíceis condições materiais de vida constitui a outra forma de habitar o mundo, vinculada ao ato de educar, de professoras e professores do nosso país. Da escala pessoal às grandes escalas sociais, profissionais da educação vivem mal com o pouco que ganham e ainda tem que levar trabalho para casa, ou morar no trabalho enquanto sonham com uma casa própria. Os casos podem variar, mas a precariedade das condições de vida persistem como um traço forte na biografia social de professoras e professores brasileiros. No final do ano passado conheci a professora Vê. Negra, mãe de dois filhos adultos, avó de uma garota de 09 anos, 56 anos de idade e 30 de profissão. Trabalhava há 15 anos em uma escola da zona rural do município de Porto Seguro (Ba). Era professora de uma escola do Ensino Fundamental, lecionava para crianças do primeiro ao quinto ano. Morava na escola e visitava a filha e a neta uma vez por mês, para abastecer a casa com a cesta básica. Além do salário, Vê ganhava a

O dia da professora e do professor no ano do FUNDEB

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  Além da pandemia que já ceifou a vida de mais de 150 mil brasileiras e brasileiros (muitos deles e delas professores e professoras) até o momento, o ano de 2020 entra para a história da Educação no Brasil como o ano de inscrição permanente do FUNDEB no corpus da nossa Constituição. Estamos no 15 de outubro convocados e convocadas a reafirmar nossos compromissos cívicos e educacionais com uma das mais importantes conquistas da retomada da democracia no Brasil. O FUNDEB (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) foi instituído pela Constituição Federal de 1988. Entrou oficialmente em vigência no intervalo de 1998 a 2007 designado como FUNDEF (Fundo Nacional de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério). No ano de 2006, por meio da Emenda Constitucional 53 passou à sua atual denominação, foi regulamentado com prazo de vigência entre 2007 e 2020 pela lei 11.494/2007 e pelo Decreto 6253/2007. A 25 de a

Serviçais da repressão.

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  O bolsonarismo criou metodologia própria para a qualificação dos serviçais dedicados à agência da repressão do seu governo. Ataca a autonomia e a democracia interna das universidades ao nomear reitoras e reitores não eleitas e eleitos pela maioria das comunidades acadêmicas; ao mesmo tempo em que expõe a subserviência de intelectuais a serviço do seu padrão repressivo. As interventoras e interventores empossados nas instituições federais de ensino brasileiras já ultrapassam mais de uma dúzia de corpos atuantes nos jogos de poder que ultrapassam os cercadinhos do Planalto, e se inscrevem no coração das universidades e institutos federais. Elas e eles estão ali disponíveis para garantir ao atual governo o que parece lhe faltar: qualidade intelectual onde impera a grosseria gratuita e a negação da ciência. As performances que identificam as novas interventoras e interventores começam expor alguns dos seus traços mais expressivos. Ao aceitarem o lugar em que são colocadas e colocados

Novas invisibilidades, velhas desigualdades

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  A retomada das atividades letivas por meio remoto na nossa universidade produziu novas formas de invisibilidade nas relações de ensino-aprendizagem. Além da elevação expressiva do número das ausências nos ambientes virtuais de aprendizagem, as presenças se tornaram mais instáveis (conforme as condições de conectividade) e mais silenciosas no transcurso dos encontros on line . As novas formas de invisibilidade produzidas pela mudança radical da modalidade de ensino no contexto da pandemia resultam da persistência de velhas formas de desigualdade social nas condições de acesso e permanência na universidade. A passagem do modelo presencial para o modelo virtual expõe de maneira constrangedora o fosso das desigualdades no acesso a bens e serviços tecnológicos. Falta pouco para a conclusão das nossas atividades com as turmas de graduação e pós graduação. Em todos os níveis de ensino recebemos, aqui e ali, mensagens de estudantes com relatos de dificuldades para o acompanhamento das at

Hoje os hospitais, amanhã as escolas.

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  As instituições que cuidam da saúde coletiva desempenham no atual contexto da pandemia um papel inspirador para os desafios a serem enfrentados pelas as instituições que cuidam da educação pública no contexto pós pandemia. Ficar em casa para cuidar de si e dos outros é um ato de cidadania que se qualifica e nos qualifica para lidarmos com o presente, graças aos imensos avanços do conhecimento científico no âmbito da saúde coletiva. Voltar às ruas e praticar a vida pública, após a garantia do tratamento eficaz contra a Covid-19, exigirá a qualificação de nossas atitudes cidadãs na e com as escolas, sobretudo se considerarmos a educação como atitude sensível-inteligível que opera e amplia os sentidos sociais dos nossos pertencimentos. Sair do isolamento exigirá reaprendizagens no trato social com a vida cidadã que só nas escolas podemos aprender. Os parágrafos que iniciam este breve ensaio foram produzidos no exercício de resposta a questão lançada por uma professora de escola públ