Memórias do Presente
Seca de Itajuípe (Ba) 2015 -Foto do Autor
Era o ano de 2015. Eu tinha acabado de me instalar no município de Itajuípe, no Sul da Bahia. Os caminhos da educação me levaram àquela que seria a primeira morada desde que assumi minhas atividades na Universidade Federal do Sul da Bahia. A primeira vez que estive no município foi para proferir palestra de abertura da Jornada Pedagógica Municipal do ano de 2008. A visão do lago e da torre da igreja me capturaram de primeira.
Poucos meses depois da minha instalação (no mês de julho daquele ano) uma grande seca se abateu sobre o local. O lago cheio de vida tornou-se um cemitério de raízes expostas. Estávamos cercados de verde por fora e cinza, muito cinza, por dentro dos mananciais de água que tínhamos por perto. Tudo que aflorava lembrava fraturas expostas da alma da terra.
Hoje, no início do segundo semestre do ano de 2020, todos os caminhos me levam de volta àquela tragédia da seca na Costa do Cacau, cenário das obras literárias de Jorge Amado e Adonias Filho. Só que agora a terra expõe as fraturas das almas humanas em todo planeta. À mercê das máquinas de destruição da vida que criamos, somos obrigados a nos responsabilizarmos pelas nossas escolhas de vida no isolamento.
A quarentena me serve de cultivo para o autoconhecimento e esperança de uma humanidade melhor.
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