O desmanche da educação


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Enquanto o atual governo não indica aquele que será o seu quarto ministro da educação em menos de dois anos de mandato, assistimos o agravamento do desmanche das políticas educacionais.

O que era péssimo nos anos anteriores à ascensão do bolsonarismo, piorou desde 2019. No ano de 2015 Dilma Roussef assumiu o seu segundo mandato com o lema: Brasil Pátria Educadora. A presidenta, como bem sabemos, não chegou ao fim do seu mandato. Foi derrubada por um golpe midiático-parlamentar-judicial que esbanjou no uso e abuso da lei para a defesa de interesses inconfessáveis do mercado. Durante o governo Temer, com o parlamento em pleno modo golpista de funcionar, foi aprovada uma Reforma do Ensino Médio, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a Emenda Constitucional 95 (que limita os investimentos em educação). Reformismo benemérito dos empresários da educação e carrasco do setor público projetado nos gabinetes do PSDB e DEM, dois partidos políticos com um longo histórico de “criação de oportunidades” para o setor privado em educação.

O atual governo foi eleito sem uma proposta clara para a educação. Celebrizou ameaças às universidades, o ódio a Paulo Freire (e à ciência), promove campanhas pautadas no moralismo de baixa extração e boquirroto de Olavos e Olavistas, ou então inclina-se para o lado dos militares quando o “Centrão” aperta.

O que assistimos nos últimos cinco anos é o desmanche da educação. Tecnologia de desordem combinada com a indução explícita de transferência de responsabilidades públicas para o setor privado. Um fenômeno que ultrapassa barreiras ideológicas. Por pior que seja um governo, tanto para a esquerda quanto para a direita, as elites famigeradas que controlam os ‘negócios e serviços’ educacionais no Brasil estarão sempre à espreita para tirar o melhor proveito da situação, ou como se costuma dizer no linguajar empreendedor em voga “transformar crise em oportunidade”.   

Enquanto as políticas públicas educacionais colapsam, as máquinas de produzir soluções inovadoras não param de trabalhar. O diabo é que até agora foram dez ministros da educação em cinco anos e três governos, e nós que atuamos na educação pública, aparentemente, estamos perdidos.


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