O dia da professora e do professor no ano do FUNDEB
Além da
pandemia que já ceifou a vida de mais de 150 mil brasileiras e brasileiros (muitos
deles e delas professores e professoras) até o momento, o ano de 2020 entra
para a história da Educação no Brasil como o ano de inscrição permanente do
FUNDEB no corpus da nossa Constituição. Estamos no 15 de outubro convocados
e convocadas a reafirmar nossos compromissos cívicos e educacionais com uma das
mais importantes conquistas da retomada da democracia no Brasil.
O FUNDEB
(Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação) foi instituído pela Constituição Federal de 1988.
Entrou oficialmente em vigência no intervalo de 1998 a 2007 designado como
FUNDEF (Fundo Nacional de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de
Valorização do Magistério). No ano de 2006, por meio da Emenda Constitucional
53 passou à sua atual denominação, foi regulamentado com prazo de vigência
entre 2007 e 2020 pela lei 11.494/2007 e pelo Decreto 6253/2007. A 25 de agosto
de 2020, sob forte pressão popular com doses de omissão e má vontade do Poder
Executivo e forte protagonismo do Poder Legislativo, foi aprovada a Emenda 108,
que torna definitivo o FUNDEB no texto Constitucional.
Desde então
tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei 4372/2020 que regulamenta o
FUNDEB. O PL precisa ser aprovado até o último dia do ano em curso. Não podemos
chegar a 2021 sem qualquer garantia de investimento público na educação,
sobretudo quando teremos que enfrentar os efeitos trágicos da pandemia sobre o
conjunto das precariedades e desigualdades históricas da Educação Básica, sobretudo
no âmbito das escolas públicas brasileiras.
A principal
missão do FUNDEB é garantir investimento público na educação pública. Além de
resultar de uma composição de recursos advindos da arrecadação tributária nos
municípios e estados com complementação de recursos do Governo Federal, o
FUNDEB é a principal fonte de recursos (para muitos municípios quase a única)
para a qualificação da infraestrutura necessária ao bom andamento das ações educacionais
nas escolas da Educação Básica no Brasil. Não é pouca coisa.
Segundo o
Censo da Educação Básica de 2018 a maior parte das escolas públicas do Ensino
Fundamental no norte e nordeste Brasileiros não possuía bibliotecas e salas de
leitura, no sudeste e sul do país apenas 70% das instituições possuíam tais
equipamentos. O cenário da Educação Infantil (creche e pré-escolas) é ainda
mais dramático, apenas 38% das escolas de todo o país possuem banheiros
adequados para o atendimento das crianças. Considerando que a pandemia da
COVID-19 impôs novas exigências para o atendimento do direito à educação,
sobretudo acesso à internet, tecnologias e protocolos sanitários especiais para
a manutenção das ações nas escolas da Educação Básica, a regulamentação do
FUNDEB é decisiva para a garantia do investimento futuro na recuperação das
redes públicas de educação do país.
Outro aspecto
da maior relevância é que estamos em um ano de eleições municipais que
produzirá efeitos políticos e financeiros nas agendas públicas da educação em
2021. Além da provável renovação dos nomes do executivo e do legislativo, a
crise financeira dos municípios brasileiros certamente se aprofundará, e isto
terá impacto direto na maior Rede de Escolas Públicas do país. Das 181.939
escolas da Educação Básica cerca de 60% pertencem aos municípios. Tanto a
transição de poder quanto a transição de contextos da crise sanitária que
acomete todo o planeta serão implacáveis com a sustentação das escolas e da
valorização dos profissionais da educação.
Como se não
bastasse o difícil cenário que se impõe aos contextos de vida profissional da
maior parte dos professores e professoras brasileiros, o Projeto de Lei que
tramita na Câmara dos Deputados está sob disputa das escolas confessionais e
filantrópicas que cobiçam recursos públicos para a condução de uma trama
multifacetada de negócios que se revestem sob o manto do “sem fins lucrativos”.
A avaliar pelo avanço do mercantilismo e do conservadorismo na agenda política
da educação brasileira, temos muitos desafios pela frente.
No dia da
professora e do professor, no ano da Pandemia e no ano do FUNDEB, nossas pautas
de lutas se expandem, assim como as nossas utopias viáveis, potências
imprescindíveis para transformarmos o futuro no presente.
Vamos continuar lutando , sempre , em especial contra aqueles que nos querem atropelar na importante conquista do Fundeb Permanente !
ResponderExcluirPor uma justa lei de Regulamentacao do NOVO FUNDEB !