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A Casa de Elba

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  Antes de chegarmos a 2021 ganhamos de Elba Ramalho a melhor metáfora para pensarmos o Brasil no contexto da pandemia: uma casa arrendada cujo contrato não possui cláusulas sanitárias de preservação da saúde pública. Os donos da casa se transferiram para o clube bacana da esquina e receberam notícias pelas redes sociais do rendezvous na propriedade. Elba está nos ajudando a redescobrir no Brasil no balancê da pandemia. Seria um luxo, não fosse a miséria dos nossos dias ao longo desse difícil ano de 2020 (que terá a duração de uma eternidade para as famílias dos mais de 195 mil brasileiros e brasileiras que se foram). Somos a Casa de Elba na política. A direita brasileira transferiu a governança do país para um bando de tresloucados, passa as férias em Miame enquanto se diz arrependida das escolhas que fez, promete dar o troco nas eleições da Câmara dos Deputados mas não move os dedos para o impeachment . No caso de Elba, a estrela prometeu processar os locatários da sua casa, há

A instabilidade

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  Os processos de ensino-aprendizagem instaurados no contexto da COVID-19 estão marcados pela elevação da instabilidade das interações por meio remoto. Além das dificuldades na sustentação da presença por parte das estudantes e dos estudantes, as performances didáticas dos professores e professoras padecem com a alternância brusca entre apresentar programas de trabalho e gerar acesso nas plataformas online . A condição estudantil se faz mediante múltiplas tentativas de estar presente conforme as condições de conectividade, participam menos por meio do diálogo em mais por meio um jogo de ausências e presenças com grande alternância de regras. Quando conseguem entrar e permanecer na plataforma, quase nunca abrem suas câmeras, quase nunca falam (a não ser que sejam provocados), interagem mais pelo chat (um dos poucos sinais para nós, professores de que estão ali). Quando conseguem entrar e não permanecer, oscilam sob a forma de um cai e levanta – conforme o linguajar do momento. Há aind

Pode a cidade educar a escola?

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  A escola, tal como a conhecemos, cria barreiras de retenção para regular a distribuição do conhecimento conforme regras definidas pelos sistemas institucionais aos quais está subordinada. A cidade, por contraste, rompe barreiras e exige a mobilização constante de múltiplas potências afetivo-cognitivas necessárias à circulação social no pluralismo das suas paisagens. As diferenças entre a instituição que se fecha nela mesma para controlar a circulação do conhecimento; e os espaços-tempos urbanos que abrem e expõem o movimento diversificado e variável do conhecimento que circula pelas ruas, avenidas, quebradas e terrenos baldios ficaram mais expostas durante a pandemia. A permanência do conhecimento escolarizado está sob ameaça do esquecimento, ou do confinamento doméstico, quanto mais as distâncias do home office nos situam alhures pelas cidades, aprendendo a conviver mais e mais com as incertezas que nos cercam. As casas, apartamentos e puxadinhos em que instalamos nossas estaçõ

A universidade e a construção do futuro no presente.

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  A implementação dos Colégios Universitários (CUNIs) da Universidade Federal do Sul da Bahia viabilizou a realização do sonho de ingresso no Ensino Superior para estudantes cujas condições existenciais impedem o deslocamento para universidades distantes das suas comunidades. Esse e outros fortes argumentos foram apresentados por Danilo Urapinã Pataxó, estudante indígena do Curso de Direito oriundo da primeira turma do CUNI-Cabrália no ano de 2014. Danilo participou de um projeto didático organizado com a turma de estudantes que ingressam no ano de 2020 na nossa universidade. Ele, o nosso convidado, compartilhou suas memórias como egresso da primeira turma do CUNI. Nós, participantes do acontecimento, compartilhamos escutas e questões próprias da primeira turma de ingressantes no ano da pandemia da COVID-19. Nos encontramos em uma plataforma online à maneira de quem inventa uma encruzilhada existencial para compreender de maneira mais alargada como fazer o futuro no presente e, assim

Educar, Habitar, Viver

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  Enfrentar difíceis condições materiais de vida constitui a outra forma de habitar o mundo, vinculada ao ato de educar, de professoras e professores do nosso país. Da escala pessoal às grandes escalas sociais, profissionais da educação vivem mal com o pouco que ganham e ainda tem que levar trabalho para casa, ou morar no trabalho enquanto sonham com uma casa própria. Os casos podem variar, mas a precariedade das condições de vida persistem como um traço forte na biografia social de professoras e professores brasileiros. No final do ano passado conheci a professora Vê. Negra, mãe de dois filhos adultos, avó de uma garota de 09 anos, 56 anos de idade e 30 de profissão. Trabalhava há 15 anos em uma escola da zona rural do município de Porto Seguro (Ba). Era professora de uma escola do Ensino Fundamental, lecionava para crianças do primeiro ao quinto ano. Morava na escola e visitava a filha e a neta uma vez por mês, para abastecer a casa com a cesta básica. Além do salário, Vê ganhava a

O dia da professora e do professor no ano do FUNDEB

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  Além da pandemia que já ceifou a vida de mais de 150 mil brasileiras e brasileiros (muitos deles e delas professores e professoras) até o momento, o ano de 2020 entra para a história da Educação no Brasil como o ano de inscrição permanente do FUNDEB no corpus da nossa Constituição. Estamos no 15 de outubro convocados e convocadas a reafirmar nossos compromissos cívicos e educacionais com uma das mais importantes conquistas da retomada da democracia no Brasil. O FUNDEB (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) foi instituído pela Constituição Federal de 1988. Entrou oficialmente em vigência no intervalo de 1998 a 2007 designado como FUNDEF (Fundo Nacional de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério). No ano de 2006, por meio da Emenda Constitucional 53 passou à sua atual denominação, foi regulamentado com prazo de vigência entre 2007 e 2020 pela lei 11.494/2007 e pelo Decreto 6253/2007. A 25 de a

Serviçais da repressão.

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  O bolsonarismo criou metodologia própria para a qualificação dos serviçais dedicados à agência da repressão do seu governo. Ataca a autonomia e a democracia interna das universidades ao nomear reitoras e reitores não eleitas e eleitos pela maioria das comunidades acadêmicas; ao mesmo tempo em que expõe a subserviência de intelectuais a serviço do seu padrão repressivo. As interventoras e interventores empossados nas instituições federais de ensino brasileiras já ultrapassam mais de uma dúzia de corpos atuantes nos jogos de poder que ultrapassam os cercadinhos do Planalto, e se inscrevem no coração das universidades e institutos federais. Elas e eles estão ali disponíveis para garantir ao atual governo o que parece lhe faltar: qualidade intelectual onde impera a grosseria gratuita e a negação da ciência. As performances que identificam as novas interventoras e interventores começam expor alguns dos seus traços mais expressivos. Ao aceitarem o lugar em que são colocadas e colocados