Pedagogias do estranhamento
Passamos por um dos piores momentos da pandemia do coronavírus no Brasil e no mundo. Além do aumento expressivo de casos, da evidente omissão do governo brasileiro (com o agravante discurso negacionista do Presidente da República), assistimos a ultrapassagem dos 240 mil mortos sob efeito de uma aparente “naturalização” do estado de calamidade sanitária em que nos encontramos. Não compreendo a naturalização como o oposto do estranhamento, compreendo-a como uma das forças emergentes de situações radicalmente diferentes daquelas que estamos habituadas e habituados a enfrentar no cotidiano. O outro processo derivado do estranhamento é a compreensão do inacabado, do social em se fazendo às margens das incertezas. Tanto um quanto outro processos são construídos socialmente. Com isso quero afirmar que o estranhamento é uma potência geradora de forças de naturalização ou de inquietação no trato social com as situações que tomamos por outras nas nossas experiências de convívio cotidiano. O