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Virada Histórica

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  Foto de Júlio Cézar Chaves Estamos às vésperas da maior “virada de página” da história recente do nosso País.   Estamos livres do atraso personificado na figura medonha do genocida que fugiu para Miami. Entramos no modo de participação, em casa assim como em Brasília, da instalação de um governo que nos devolve a imagem renovada do pluralismo cheio de cores da nossa democracia. As imagens e narrativas esperadas de amanhã inspiram a imaginação de um país em que a diversidade e a diferença alimentam o desejo de participação na vida pública.  Saem de cena as performances mórbidas entre o cercadinho do Planalto e o monocromático cenário do home office presidenciais. Sobem a rampa do Planalto, juntamente com o presidente e vice presidente eleitos, os milhões de brasileiros que participam do maior esforço coletivo que se tem notícia na história recente do Brasil na retomada da democracia.                        Lula, Alckmin e o ministério escalado neste início de governo nos conduzem

Para espantar pedagogias sem rosto, pedagogias cantadas (encantadas).

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                                                                                   Foto de Denise Comerlato “A gente pode estar com muita dificuldade com a luta. Quando a gente coloca o pé na terra, quando sente o gemido da terra, escuta o seu chamado, a gente sabe como vai seguir os nossos passos, porque estamos ouvindo. Ela está dando direção pra gente. Foi feito este trabalho nas nossas retomadas: o nosso escutar” (Mestra Mayá)                   A voz de Maria Muniz Andrade Ribeiro, Mestra Mayá, abriu a retomada das atividades presenciais da Licenciatura Intercultural Indígena do Instituto Federal da Bahia (IFBA), campus Porto Seguro, na manhã da última segunda feira – 23 de maio. A palavra falada e cantada da educadora Pataxó Hã hã hãe conduziu o repovoamento indígena e não indígena do auditório do IFBA, antes esvaziado pelos efeitos mais duros da pandemia. No transcurso do momento era lançado o livro “A Escola da Reconquista”, obra da educadora indígena organizada por Rosângel

Da disseminação do ódio à naturalização da maldade.

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  “Em um país distante existiu faz muitos anos uma Ovelha negra. Foi fuzilada. Um século depois, o rebanho arrependido lhe levantou uma estátua equestre que ficou muito bem no parque. Assim, sucessivamente, cada vez que apareciam ovelhas negras eram rapidamente passadas pelas armas para que as futuras gerações de Ovelhas comuns e vulgares pudessem se exercitar também na escultura”. (Augusto Monterroso)                 O bolsonarismo, força ideológica emergente do ciclo mais recente das disputas políticas brasileiras, também se constitui como uma das mais potentes maquinarias de conversão de afetos. Destrói e extermina pessoas e instituições públicas. Acelera a produção do ódio assim como a naturalização da maldade.                 Ao longo dos últimos quatro anos temos assistido às mais assustadoras séries – quase ininterruptas – da destruição de pessoas, processos e bens públicos combinada com um desconcertante conservadorismo festivo. Os atos de contestação tem sido cada vez ma

Marcas do autoritarismo na UFSB

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    A Universidade Federal do Sul da Bahia entra na sua segunda consulta pública para a escolha de reitora, reitor e vice-reitora, vice-reitor em contexto de ascensão e agravamento do autoritarismo dentro e fora da cena universitária. Implementada no início da maior crise contemporânea da democracia brasileira, a UFSB saiu de uma governança  pro tempore  para uma governança eleita (e nomeada) sem se desvencilhar das práticas autoritárias que pressionaram as suas primeiras “eleições gerais”.                    A primeira consulta ocorreu em novembro do ano de 2017. Na cena nacional consolidavam-se os processos reformistas mais violentos do governo golpista liderado por Michel Temer. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) imposta pelo governo com o investimento filantrópico de fundações da iniciativa privada se firmou na cena. No mês de fevereiro daquele ano fora aprovada a Lei 13.415, efetivando a Reforma do Ensino Médio. As ações do Movimento Escola Sem Partido associavam-se às açõe

Escolas de Solidariedade

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  Escolas públicas municipais e estaduais, da cidade, do campo, indígenas e quilombolas constituem importantes meios de reconstrução social das condições de vida no contexto presente do estado da Bahia. Sobretudo nos territórios de identidade das Regiões Sul e do Extremo Sul, severamente afetados pelas tempestades que devastam nossas comunidades desde o final do mês de novembro. As escolas abriram suas portas para abrigar pessoas que perderam suas casas e a maior parte dos seus bens. Coletivos se formaram para a produção de alimentos, arrecadação e distribuição de donativos e acompanhamento psicossocial das milhares de famílias que enfrentam, a um só tempo: o luto das suas perdas, as vulnerabilidades sanitárias causadas pela persistência da COVID-19 e pelo avanço da Influenza (Gripe H3N2) e a manutenção da vida no meio de tantas tragédias. Práticas intensivas de solidariedade tecem e fortalecem redes que passam por dentro das escolas públicas, transformando seus estatutos pedagógic

Pedagogias do estranhamento

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  Passamos por um dos piores momentos da pandemia do coronavírus no Brasil e no mundo. Além do aumento expressivo de casos, da evidente omissão do governo brasileiro (com o agravante discurso negacionista do Presidente da República), assistimos a ultrapassagem dos 240 mil mortos sob efeito de uma aparente “naturalização” do estado de calamidade sanitária em que nos encontramos.   Não compreendo a naturalização como o oposto do estranhamento, compreendo-a  como uma das forças emergentes de situações radicalmente diferentes daquelas que estamos habituadas e habituados a enfrentar no cotidiano. O outro processo derivado do estranhamento é a compreensão do inacabado, do social em se fazendo às margens das incertezas. Tanto um quanto outro processos são construídos socialmente. Com isso quero afirmar que o estranhamento é uma potência geradora de forças de naturalização ou de inquietação no trato social com as situações que tomamos por outras nas nossas experiências de convívio cotidiano. O

Sociabilidades interrompidas

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  Estamos concluindo as atividades letivas com os primeiros grupos de estudantes que ingressaram na universidade durante a pandemia. As formações das turmas de ingresso enfrentam limites impostos pelo trabalho remoto, um deles, específico da geração que ainda não pisou no chão da universidade, tem sido a produção de vínculos sociais, presencialmente, com colegas e professores. O momento nos impõe formas de convivência transpassadas por inúmeras interdições. A vida social na sala de aula offline extrapola as relações pedagógicas restritas aos processos de ensino-aprendizagem em muitos aspectos. Tornar-se parte de uma turma tem os seus rituais próprios, muitos deles exigem a proximidade física no espaço e no tempo, para a criação e aprofundamento dos laços de pertencimento com a turma e com universidade como um todo. As novas invisibilidades produzidas pelo trabalho online , associadas com a instabilidade das presenças, resultam na interrupção de processos interativos fundamentais para